Quando somos freelancers, ir de férias é tipo uma miragem que vemos bem lá ao fundo. Queremos e não queremos. A vontade é grande mas depois, ter de “fechar a loja”, dizer que não vamos estar disponíveis, deixa-nos um pouco apreensivos. Assustados até. Verdade é que muitas vezes, até fui de férias e nem disse nada. O meu escritório é onde estou, e um portátil na mala é tão normal como andar com a carteira no bolso [ou o telemóvel]. E esta é a verdade, posso ir mas vou de trouxa às costas, um portátil, uma drive e um bloquinho de notas. E cada oportunidade com wifi é uma conquista.
Cresci. Sim, a experiência dá para estas coisas. Vivendo e aprendendo — como se costuma, e bem, dizer. Bolas! Também merecemos férias, também merecemos uma pausa. Afinal até podemos tirar os dias que quisermos. Claro que houve uma primeira vez, uma primeira vez que disse mesmo — vou de férias, já volto. A minha surpresa? É que os clientes perceberam, foram super compreensivos [talvez porque tenho clientes espectaculares também], mas a recepção do aviso que ia estar ausente foi bem recebida.
Por isso, deixo-vos algumas notas para prepararmos as nossas férias, não como reservar hotéis, mas como preparar o nosso trabalho e os nossos clientes.
# 1 . Um mês de aviso, ou umas semanas antes.
É quase como ter que dar um mês à casa quando mudamos de emprego. Um mês antes, aviso os clientes que têm trabalhos em curso, que vou ausentar-me. Só nos ajuda a ambos, porque assim preparamo-nos da melhor maneira para a ausência não ser notada. E como aviso? Não envio um email a dizer vou de férias de x a x dias! Claro que não. Faço sempre um texto, engraçado ou pelo menos tento que seja engraçado, com uma mensagem descontraída a informar que vou-me ausentar. O engraçado, são as respostas que recebo a este email. Da última vez o subject que coloquei neste email era “Parece que falta muito, mas não.”.
# 2 . Não agendar trabalhos urgentes em cima da data que vamos estar fora.
Às vezes, passa mesmo por dizer que não temos disponibilidade, se esse for mesmo o caso. Mas pensar que conseguimos fazer tudo, mesmo até ao último minuto pode correr mal. Até porque nunca sabemos ao certo se tudo corre bem, se fica tudo bem à primeira, se vêm alterações, se é necessário depois gravar em ficheiros diferentes, etc. E se a coisa se prolonga, e já não estamos cá?! Já aconteceu também ter que deixar um trabalho específico a outra pessoa, para conseguir responder por mim, e até fazer se necessário alguma alteração. E isto bate com o tópico seguinte.
# 3 . Arranjar um plano B.
Se vamos estar ausentes, e não conseguimos continuar a dar resposta a algum trabalho ao qual vai ser mesmo preciso dar continuidade, então o melhor é delegar. Ter alguém de confiança que faça um trabalho idêntico ao nosso, dentro do nosso registo, para que possa segurar as pontas. Já fiz isto duas vezes, para ser exacta. É a melhor maneira de não deixarmos ninguém à nossa espera.
# 4 . Planear. Agendar.
Se as redes sociais fazem parte da rotina da nossa marca, então não há desculpa para elas irem de férias também. Planear é a chave para tudo correr como habitual. Até é nestas alturas que somos capazes de ser mais originais a criar conteúdos para as redes sociais. Depois é só preparar tudo, agendar e ligar o piloto automático.
# 5 . Auto replys.
Adoro. A sério que adoro mesmo escrever os meus auto-replys. São sempre diferentes, com alguma história pelo meio, divertidos e nada “secos” — tento sempre fugir ao efeito de “email automático”. Dá-me um gozo enorme escrever estes emails, e até já cheguei a receber de outras pessoas textos iguais aos meus. Pensem que é um email que vai sair disparado a todos os que vos contactarem, por isso, para não ficarem desanimados com uma resposta de “ausente”, vamos aliviar a questão criando um texto mais descontraído. Um dia destes, ainda faço um apanhado dos vários textos que já fiz para estas ocasiões.
E, mesmo assim, confesso, levo sempre o portátil comigo. Muitas vezes, sem saber se terei Internet, ou com a promessa de que não vou mesmo trabalhar, mas a verdade é que sinto-me mais tranquila com o “meu escritório” às costas, e penso — mais vale levar tudo comigo e não precisar, do que precisar e não ter.
Claro que, com este artigo, já se adivinha que vou estar ausente em breve!
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